Listagem de Questões Concurso SF
Uma das diferenças mais impressionantes entre uma cidade européia anterior a 1914 e um centro urbano atual é o cheiro. Hoje, vivemos na era do petróleo; antes de 1914, existiam os cavalos. Muitas vezes, exemplos simples como esse constituem a maneira mais fácil de tornar evidente a passagem do tempo. Cinco temas ajudam a ilustrar a natureza social do século XX — a sociedade de massas, o impacto da ciência na sociedade, a imprensa popular, a mudança na situação das mulheres e o crescimento da economia internacional. O crescimento da sociedade de massa foi sustentado pelo desenvolvimento complexo e em escala internacional das relações econômicas. A rápida expansão da economia, que tornava a sociedade de massa possível, estava contribuindo para o crescimento de uma economia crescentemente internacionalizada e, ao mesmo tempo, sendo ajudada por ele.
J. M. Roberts.
vol. 1 (1900-1914). São Paulo: Abril Cultural, 1974, p. 1 (com adaptações).
Industrialização e urbanização são elementos convergentes e estruturadores do processo de modernização das sociedades, muito próprio do século XX, desde os seus primórdios; esse processo, todavia, não ocorreu de maneira homogênea nem repartiu os seus avanços uniformemente.
A expansão de uma imprensa tipicamente popular já no início do século passado — momento em que já havia jornais de circulação diária com tiragem de centenas de milhares de exemplares — indicava, pelo menos nas sociedades mais industrializadas, os progressos obtidos na educação e na vitória contra o analfabetismo.
Um dos marcos definidores do século XX foi a mudança verificada quanto ao papel feminino na sociedade; alterando seu comportamento e lutando por direitos — como os de votar, de ingressar no mundo profissional e de igualdade legal em face da propriedade e em relação à tutela dos filhos —, a mulher colecionou vitórias, embora em ritmo e intensidade que variam geográfica e cronologicamente.
Em geral, percebe-se que a Primeira República (1889-1930) configura um período de transição, que se teria iniciado um pouco antes, ainda no Império. Tal mudança, ao acarretar a formação de um mercado interno e a ampliação da divisão social do trabalho, implicaria o começo do rompimento com uma economia que se concentrava na agroexportação. Apesar de a Primeira República poder ser encarada como um período de transição, algumas observações devem ser agregadas: no período escravista, a plantation não conformava uma unidade auto-suficiente — ela recorria ao mercado para se reproduzir, e o fazia em um mercado interno précapitalista; aquela transição não representou a consolidação, na agroexportação, de relações capitalistas de produção, mas sim a constituição de diferentes tipos de relações de produção não-capitalistas — colonato, parceria, moradores etc. —, fato esse que redefine o ritmo da transição para uma economia capitalista.
Com o auxílio do texto acima, e tendo em vista as transformações ocorridas no Brasil na passagem do século XIX ao XX, julgue os itens subseqüentes.
Na análise apresentada no texto, acerca do caráter de transição socioeconômica que a República Velha teria representado, nada há que indique, ou pelo menos sugira, o papel representado pela abolição do trabalho escravo, ocorrida no ocaso do Império, para que as transformações se efetivassem.
Infere-se do texto que a monocultura para exportação, assentada no latifúndio e na escravidão, que configura, em linhas gerais, a plantation, não apenas foi a única atividade econômica do período colonial, como assim prevaleceu após a independência e chegou ao século XX.
Navegue em mais matérias e assuntos
{TITLE}
{CONTENT}