Listagem de Questões Concurso SF
O mundo que sai da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é bem distinto daquele que assistiu ao início do conflito. Sacramenta-se o fim da longa e histórica hegemonia européia, construída ao longo de mais de quatro séculos de domínio mundial. Surgem dois novos pólos de poder, não mais adstritos à mera disputa de potências a proferir idêntico discurso. África e Ásia emergem na cena internacional, protagonizando a luta pela independência e, como se dizia à época, pela superação do subdesenvolvimento, utopia que também embalava sonhos latino-americanos. Entre vitórias e fracassos, a idéia de revolução ganhou espaço e densidade. Entre o final dos anos 80 e o começo da década seguinte, o sistema de poder mundial altera-se radicalmente, oficializando-se o fim da bipolaridade que o conflito entre Aliados e o Eixo engendrara.
Apesar da forte presença mundial dos Estados Unidos da América (EUA) desde o final da Primeira Guerra (1914-1918), o certo é que a Europa manteve, até a Segunda Guerra, uma posição central nas relações internacionais, o que não ocorreu após 1945: destroçada pelo esforço de guerra e sem condições de soerguer-se por si mesma, ela foi levada a recolher-se, enquanto Washington e Moscou assumiam posições de liderança.
A bipolaridade mundial pós-1945, diferentemente do que ocorrera no passado, singularizava-se por opor mais que duas potências, EUA e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), mas pelo confronto — ainda que para alguns apenas retórico — entre dois sistemas antagônicos, o capitalista e o socialista, a lutarem pela expansão ou preservação das respectivas áreas de influência.
O processo de descolonização afro-asiática ultrapassou os limites geográficos dos dois continentes: além de refletir o notório enfraquecimento das antigas metrópoles européias e da disposição para lutar pela independência, ele impulsionou o surgimento do bloco dos não-alinhados — de que a Conferência de Bandung, em 1955, foi o emblema maior — e do esforço de compreensão histórica das razões do subdesenvolvimento, algo que também se colocava na agenda latino-americana.
As revoluções chinesa, de 1949, e cubana, dez anos depois, colocam-se como exemplos vitoriosos de experiências de ruptura histórica que, comprometidas com o projeto socialista, trataram de implementá-lo, desde os primeiros passos, livre do modelo soviético e das ingerências que, fatalmente, a URSS exerceria sobre esses países.
O fracasso do projeto reformista de Gorbachev, sintetizado na glasnost e na perestroika, não se vincula ao processo seguinte de desmonte da URSS e, menos ainda, ao fim da experiência do chamado socialismo real no Leste europeu; em verdade, ambos foram causados por fatores externos, como o projeto Guerra nas Estrelas, implantado por Reagan, e pela derrota militar soviética na Guerra do Golfo, ao lado de Saddam Hussein.
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