Questões de Português

Pesquise questões de concurso nos filtros abaixo

Listagem de Questões de Português

#Questão 946629 - Português, Interpretação de Textos, UniRV - GO, 2023, Prefeitura de Rio Verde - GO, Professor de Educação Básica II (PEB II) – Língua Portuguesa

Hoje não escrevo
         Chega um dia de falta de assunto. Ou, mais propriamente, de falta de apetite para os milhares de assuntos.       Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.       O que você perde em viver, escrevinhando sobre a vida. Não apenas o sol, mas tudo que ele ilumina.          [...]       E então vem o tédio. De Senhor dos Assuntos, passar a espectador enfastiado de espetáculo. Tantos fatos simultâneos e entrechocantes, o absurdo promovido a regra de jogo, excesso de vibração, dificuldade em abranger a cena com o simples par de olhos e uma fatigada atenção. Tudo se repete na linha do imprevisto, pois ao imprevisto sucede outro, num mecanismo de monotonia explosiva. Na hora ingrata de escrever, como optar entre as variedades de insólito? E que dizer, que não seja invalidado pelo acontecimento de logo mais, ou de agora mesmo? [...] Entretanto, aí está você, casmurro e indisposto para a tarefa de encher o papel de sinaizinhos pretos. [...]
Disponível em: <https://www.blogderocha.com.br/hoje-nao-escrevo-carlos-drummond-de-andrade/>. Acesso em: 25 mar. 2023.
Carlos Drummond de Andrade, nome indispensável para a história da Literatura Brasileira, é autor do texto “Hoje não escrevo”, que se configura como sendo:

#Questão 946632 - Português, Sintaxe, UniRV - GO, 2023, Prefeitura de Rio Verde - GO, Professor de Educação Básica II (PEB II) – Língua Portuguesa

Os estudos voltados à coesão textual estão inseridos no contexto da Linguística do texto. No caso da coesão sequencial, acontece a partir do encadeamento dos conectores coesivos, estabelecendo relações lógico-semânticas. No trecho “Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso.”, a conjunção em destaque estabelece, com a oração anterior, uma relação de:

#Questão 946631 - Português, Interpretação de Textos, UniRV - GO, 2023, Prefeitura de Rio Verde - GO, Professor de Educação Básica II (PEB II) – Língua Portuguesa

III

      Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
     Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia.
     A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas.   
    Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam. No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes que altercavam, sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartos saíam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se à luz nova do dia.
      [...]
    O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e resingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra. Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas, fazendo compras.
     [...] A fábrica de massas italianas, ali mesmo da vizinhança, começou a trabalhar, engrossando o barulho com o seu arfar monótono de máquina a vapor. [...] Um carroção de lixo entrou com grande barulho de rodas na pedra, seguido de uma algazarra medonha algaraviada pelo carroceiro contra o burro. E, durante muito tempo, fez-se um vaivém de mercadores. [...] Cada vendedor tinha o seu modo especial de apregoar, destacando-se o homem das sardinhas, com as cestas do peixe dependuradas, à moda de balança, de um pau que ele trazia ao ombro. Nada mais foi preciso do que o seu primeiro guincho estridente e gutural para surgirem logo, como por encanto, uma enorme variedade de gatos, que vieram correndo acercar-se dele com grande familiaridade, roçando-se-lhe nas pernas arregaçadas e miando suplicantemente. O sardinheiro os afastava com o pé, enquanto vendia o seu peixe à porta das casinhas, mas os bichanos não desistiam e continuavam a implorar, arranhando os cestos que o homem cuidadosamente tapava mal servia ao freguês. Para ver-se livre por um instante dos importunos era necessário atirar para bem longe um punhado de sardinhas, sobre o qual se precipitava logo, aos pulos, o grupo dos pedinchões.
[...]

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 2018. p. 35-36


No fragmento em análise, bem como na arquitetura interna de todo o romance, percebe-se, com relação ao foco narrativo, que:

#Questão 946633 - Português, Interpretação de Textos, UniRV - GO, 2023, Prefeitura de Rio Verde - GO, Professor de Educação Básica II (PEB II) – Língua Portuguesa


Imagem associada para resolução da questão

Compreende-se por intertextualidade a inter-relação existente entre as produções humanas, cujo intuito é estabelecer diálogos entre as diversas vozes discursivas a partir de um texto com outro preexistente, sugerindo novos sentidos. Esse recurso linguístico trabalha e existe dentro de uma produção cultural, literária, pictórica, musical ou cinematográfica. A partir da análise comparativa entre essas duas obras, buscando a relação intertextual pautada na linguagem não verbal, a releitura de Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, numa perspectiva contemporânea, representa:

#Questão 946634 - Português, Interpretação de Textos, UniRV - GO, 2023, Prefeitura de Rio Verde - GO, Professor de Educação Básica II (PEB II) – Língua Portuguesa

Leia o fragmento de Ângela Paiva Dionísio, retirado do livro Fala e escrita.
    “Quando usamos linguagem, estamos realizando ações individuais e sociais que são manifestações socioculturais, materializadas em gêneros textuais. Seguindo Bazerman (1997, 2004), estamos tomando gêneros como tipos de enunciado que estão associados a um tipo de situação retórica e que ‘estão associados com os tipos de atividades que as pessoas dizem, fazem e pensam como partes dos enunciados. [...] Desta forma, em algum momento, em uma interação, em um enunciado, muitas coisas são delimitadas em pacotes tipicamente reconhecíveis’ (1997, p. 14).          Como gêneros ‘não são apenas formas’, mas ‘quadros de ações sociais’ (BAZERMAN, 1997, p. 9), investigar gêneros associados às formas visuais dessas ações sociais, resultantes das infinitas possibilidades de orquestração entre imagem e palavra, significa também recorrer à apresentação visual do gênero como recurso de identificação, ou seja, de reconhecimento psicossocial. ”       Os gêneros textuais têm sido amplamente discutidos e compreendidos como fundamentais no ensino de Língua Portuguesa. A esse respeito, nota-se que nas situações comunicativas utilizamos nossos sistemas de conhecimentos para dialogar com recursos verbais (escritos ou orais) e visuais (estáticos ou dinâmicos). Assim, constitui-se traço de todos os gêneros textuais escritos e orais: 

Navegue em mais matérias e assuntos

{TITLE}

{CONTENT}

{TITLE}

{CONTENT}
Estude Grátis