Para se pensar as relações entre ética e o debate contemp...
Serviço Social e Ética
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O debate contemporâneo do Serviço Social e a ética profissional
Marilda V. Iamamoto
A presente discussão sobre a ética profissional acontece em um momento da maior relevância para os assistentes sociais: o da elaboração e discussão coletiva de um novo Código de Ética Profissional, a ser aprovado neste XXI Encontro Nacional CFESS/CRESS. Não sendo uma especialista no campo da ética e da filosofia, pretendo traçar um quadro do debate contemporâneo do Serviço Social no país, para que nele se possa problematizar a questão da ética no exercício profissional. Em outros termos, situar no debate profissional contemporâneo a importância da revisão do Código de Ética.A reflexão será desenvolvida em três momentos. Inicialmente, explicitarei algumas premissas norteadoras da análise do Serviço Social. Em seguida, farei breve retrospecto do debate profissional nos anos 80, identificando avanços e impasses que contribuíram para situar o debate ético nesse panorama. Em um terceiro momento, problematizarei mais especificamente como vem se dando a relação entre conhecimento e valores na trajetória histórica do Serviço Social, salientando as tentativas de rupturas verificadas a partir do Movimento de Reconceituação do Serviço Social latino-americano e suas refrações na reorientação do debate sobre a ética profissional que hoje se processa. A título conclusivo,indicarei apenas algumas preocupações ético-políticas no trato da "questão social", no lastro das conquistas democráticas obtidas pela sociedade brasileira e dos avanços acumulados na órbita da profissão ao longo da década passada.Os pressupostos da análise (Para se pensar as relações entre ética e o debate contemporâneo do Serviço Social, parte-se da premissa de que as particularidades da polêmica da profissão, nas últimas décadas, são tributárias da complexificação do Estado e da sociedade no país, em função das novas condições econômicas e políticas criadas pela ditadura militar e sua crise. Foi com a crise do regime ditatorial instaurado em 1964, expressa no contexto das lutas pela democratização da sociedade brasileira - lutas essas que adquirem visibilidade política na segunda metade da década de setenta -, que se gestou o solo histórico, o terreno vivo, que tornou possível uma abrangente, profunda e plural renovação do Serviço Social. Essa renovação se impôs como socialmente necessária à construção de respostas profissionais àquela crise, no sentido de o Serviço Social garantir e preservar sua própria contemporaneidade: sua necessária conciliação com o tempo e a história presentes.
https://pt.scribd.com/doc/44349429/Servico-Social-e-Etica
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